domingo, 28 de outubro de 2012

do flash



Teve que interromper a leitura. No meio da frase. Após os pensamentos de mágoa de segundos atrás, que inclusive a motivara a abrir o livro da jovem. Logo depois de “ritmava sensações incongruentes”, a leitura parou. Uma cena lhe veio à mente. Quase podia sentir. Como num filme com as duas atrizes paradas. Uma de frente para a outra. E o diretor lhes grita: ação! 
Seus olhos pararam a leitura porque a imagem veio. Mas só o beijo, ela indo beijá-la, puxando-lhe o rosto, na ponta dos pés. Num impulso. Um flash. Como se sonhasse de olhos abertos. Seus olhos fitavam o banco da frente do ônibus, mas o que viam era aquele beijo. Aquele beijo que nunca (ou ainda não, pensava) acontecera. Mas que ansiava. E tanto naquele momento. Podia sentir o gosto, o cheiro, a textura, o olhar de surpresa e vontade dela, o rosto entre as mãos, as borboletas no estômago. Mas foi um beijo em flash entre leituras. Rápido. Sentiu delicada dor no peito. Leve falta de ar, aperto. 
Pegou lápis e caderno na bolsa e escreveu para que não esquecesse a cena, seu roteiro espontâneo, de vida própria, que não planejou ter. As folhas do caderninho chegaram enfim ao fim. Terminava de escrever essas linhas na contracapa. Mas que bom que ela lhe prometera um novo de presente. Precisaria com urgência, sobretudo se  sua mente continuasse lhe presenciando com esses flashes arrebatadores assim.

Rio, 28 de outubro de 2012; domingo de muito calor.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

trechos de conto em andamento: A hífen MAR

"_ De onde você veio?
_ Eu vim do fogo, sereia.
(Ela falava pausadamente e saboreando as palavras. [Dessas pessoas que valorizam vírgulas.] Por vezes fechava os olhos para enfatizar algum instante.)
_ Eu não gosto das pessoas que vem desse país. Na verdade gosto muito, e sempre. Me fascinam. Ao ponto que não cabe mais em mim conhecer alguém desse lugar. Já está tudo muito apertado aqui dentro, sabe? E bagunçado também. É que uma vez que conheço esses estrangeiros nunca mais consigo desconhecer."



"Perguntaram-se os nomes. Os passados, as músicas. Descobriram-se muito parecidas. Nos gostos, nos gestos, nas palavras, no amar."


"(Quem ainda usa isso? Tão antigo. Tão diferente, é bonito até. O antigo.)
Ele estava de costas para a sereia ajeitando algo no barco que ela não soube dizer o que era. (De certo está a ancorar)."


"Ainda que cinza, apesar de castanhos, os olhos da sereia possuiam certo brilho da pequena alegria que lhe causava aquele horário do dia.
A sereia sempre vinha à beira para sentir o entardecer, fazer parte dele."

"E foi que avistou o barco pequeno e seu peito a sufocou de tamanha euforia que passou a habitar ali. Em si."

sábado, 13 de outubro de 2012

Encuentros al azar I



Mi corazón no tiene razón. Ninguna.
Me encuentro enamorada de Silvina Ocampo.
Son dos libros: “Invenciones del recuerdo” y “Ejércitos de la oscuridad”. Del segundo me enamoré en otra librería. Pero solo ahora voy a llevarlo. Conmigo. Para siempre. Invenciones me pedió para que yo lo descubriera entre los otros de Ocampo en la estante “Literatura Argentina”. Que encanto! Consulté el precio. Diez pesos más que el primero. Cinco reais a mais. Tengo que llevar. Voy a leer acerca en la portada... !Que encanto! Una oportunidad más... Mira que no puedo llevar sin leer sus versos, Silvina... Perdóname pero no tengo mucha plata. Abro dos veces al azar (es que me encanta esa expresión!) y leo acerca de su hermano angelical, Gabriel. Después otros lindos versos. Una autobiografía poética. Soy yo. La necesito. Quiero estudiar a vos. Quiero dormir con el libro junto a mí. En las tapas hay fotos. Placer, Silvina. ¿Cómo estás? Aún vive. A cada mirada mia (tuya), a cada palabra leída, no más me siento sola.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Kyss Mig I



Querida, pienso en ti y me mojan los ojos. 
Escribo en la caderneta igual la que regalé a ti. 
Hay muchos árboles acá, está tan linda la ciudad. 
Es primavera. 
Cuantos árboles por las calles, tan verde, hace poco frio. 
Hay balcones con flores. 
Vi rojas tan lindas. 
Árboles hacen sombra en las veredas. 
Mojan mis ojos. 
Ninguna palabra acá (numero 1821 de calle thames) puede decir lo que (numero 1600- 1709) siento yo. 
Te siento a cada respiro mío. 
Siento tu boca, tan suave, con palabras habladas así, como solo tu hablas así.


Buenos Aires,  08 – 10 - 12