sábado, 19 de julho de 2014

quinta-feira, 17 de julho de 2014

ciranda da rosa azul marinha

"Teu beijo doce
Tem sabor do mel da cana.
Sou tua ama, tua escrava,
Meu amor.
Sou tua cana, teu engenho, teu moinho;
Tu és feito um passarinho
Que se chama beija-flor.
Sou tua cana, teu engenho, teu moinho;
Tu és feito um passarinho
Que se chama beija-flor."



segunda-feira, 14 de julho de 2014

quem negaria um pedido de ajuda?

Nunca entenderei quem nega um pedido de ajuda.
Pedido de socorro.
Pedido de não morrer.

Não que se precise ou se deva ou se possa entender. É inexplicável. É anti-natural.
Pois que o noticiário mostrou: Um homem, 63 anos, fotógrafo, tem ataque de coração dentro de um ônibus, passageiros avisam ao motorista que desvia até um hospital CARDIOLOGISTA, onde funcionários se RECUSAM a ir socorrer o homem À BEIRA DA MORTE, dizendo terem ORDENS SUPERIORES e que foram advertidos quando DESOBEDECERAM certa vez. Após mais de DEZ MINUTOS, funcionários que saíam do hospital foram ao socorro do homem dentro do ônibus que, não resistiu e MORREU.

Um homem morreu por seu coração não resistir a um ataque.
Um homem morreu por seu coração ingênuo acreditar na solidariedade entre os homens.
Um homem morreu por seu coração não suportar esperar a ação daquelas bestas ocas, vazias de qualquer sentimento e/ou inteligência.
Um homem morreu por seu coração ser mais frágil que as ordens do sistema.
Um homem morreu por seu coração ser mais frágil que as ordens do sistema.
Um homem morreu por seu coração ser mais fraco que a ordem vigente, por ser mais fraco que aqueles que inferiorizam a si e à vida perante ordens superiores.

Se nem Deus é capaz com tais ordens superiores, como (sobre)viver à mercê da bondade dos homens?

Como há alguém capaz de deixar morrer por não querer contrariar o patrão?
Perder um cargo ou salário é mais importante que a perda de uma VIDA?
Deixar morrer é o mesmo que matar.

Esses seres que deixaram de ser seres ao assumirem-se "profissionais" foram indiciados por homicídio doloso, "aquele com intenção de matar". Dez seres: diretores, recepcionistas e vigilantes, incluindo o presidente do Instituto de Cardiologia.
Não somos humanos antes de sermos qualquer outra coisa, antes de nos vestirmos com máscaras sociais?
Dez não-humanos foram indiciados.
Justiça sendo feita.
Ainda assim, justiça nenhuma trará de volta à vida e ao convívio dos seus o fotógrafo Luiz Cláudio Marigo.


"Depois da morte de Luiz Cláudio, a família chegou à conclusão, que por questões financeiras, não teria como manter o estúdio onde ele trabalhava. Por isso, todo o acervo do fotógrafo foi levado para o apartamento da família. São milhares de imagens, muitas inéditas, registradas em 40 anos de trabalho."

http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/07/policia-decide-indiciar-10-pessoas-por-morte-de-fotografo-em-frente-hospital.html



Rio de janeiro, 2014.

Em 2011 presenciei uma cena triste, de escolha de morte. Sempre me choca o suicídio, como se, de alguma forma, me sentisse responsável por essa escolha alheia, por não ter tido a possibilidade de amparar alguém em tamanho desespero. Penso "ninguém, amigo, vizinho, ninguém pôde ajudar? perceber o risco?". Minha irmã relatou o relatado por mim, na época: