segunda-feira, 11 de maio de 2015

dezoito horas

Fico triste quando anoitece
Cessa o barulho, abro a janela e não há mais luz
À minha frente há você
Por trás da tela
Fria
A tela

Anoitece tão cedo hoje em dia ao lado dela.


terça-feira, 24 de março de 2015

astrolo-mia

engraçado
a virginianidade
e sua mania de

julgar
organizar
catalogar

contradizendo
a aquarianidade lunar
e sua vontade de

misturar
embolar
libertar

fotos dentro de caixas
corpos em camas
roupas na máquina de lavar

domingo, 22 de março de 2015

Machismo X Feminismo - uma objetiva explicação

sério. acho que é a terceira vez na semana (sim, é!) que me deparo com críticas ao feminismo como se ele fosse o mesmo que machismo.

exemplo 1: mulheres dizendo "aqui não vamos tolerar machismo NEM feminismo".
exemplo 2: rapaz me diz: "não gosto de feministas".
exemplo 3: https://www.facebook.com/ChicoBuarqueCatolico/photos/a.487707201363615.1073741828.487699091364426/603520029782331/?type=1&theater . ‪#‎ChamaOChico‬!

Dicionário:

Machismo: Atitude ou comportamento de quem NÃO admite a IGUALDADE de direitos para o homem e a mulher.

Feminismo: Movimento iniciado na Europa com o intuito de conquistar a EQUIPARAÇÃO dos direitos políticos e sociais de AMBOS OS SEXOS.

o eu no outro

descobri que sou dramática.

foi assim: saí falando alguma graça exagerada, fui buscar sorvete e ouvi a ex-namorada dizer para o atual namorado, sobre mim: virginiana dramaática. riu.

em casa comentei e a irmã foi certeira: só agora você descobriu?
eu: não. sei que exagero nas coisas que sofro. meu racional sempre me diz isso mas...
a irmã: você achava que era normal exagerar assim?

descobri então que sempre fui dramática.
sempre senti demasiadamente as coisas, as pessoas, a existência, os sentidos, sobre-vivência.

sinto demais.
sinto muito.

fim.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

pauso a leitura para olhar a paisagem.
cidade nova
da janela pareço ver um filme.
estou de frente para a janela.
a estação parece demorar a chegar para que eu possa escrever. tenho medo de esquecer
são cristóvão
já esqueci tudo.
à minha frente o homem que tenta dormir esbarra sem querer em minha perna. percebendo o constrangimento, finjo não perceber.
ninguém cede lugar para leitores e escritores.
não sou acostumada mesmo a regalias.
o maquinista não coopera e a todo instante preciso parar a escrita.
mas sou boa em equilíbrio e firmo forte os pés no chão melado.
não adianta chorar pelo milk shake derramado.
tristeza de alguém, sorte minha, ali me finco e ninguém se aperta por volta de mim.
conjunto habitacional.
a serra
as torres
a janela
queria saber a localização e nome de todas
maria da graça
xuxa aqui não moraria.
sentado há um casal jovem. ele dorme no ombro dela que escuta música e fala com amigas pelo whatsapp.
ao meu lado um homem foge de um grande urso, saltando pontes. uma mão segura-se, outra joga. seu avatar caminha sobre precipícios, usa jeans e um boné azul.
no meio do jogo bia lhe manda uma mensagem: não briga comigo não.
acho que estou próxima ao meu destino mas o letreiro está longe do meu míope alcance. dependo da sexy voz invisível.
toca uma música alegre.
todos parecem tristes.
metrô colorido.
os paulistas não nos levam a sério.

[dezembro-14]

autorretratos

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Cena 3 - Carnaval

Cena:
Noite. Domingo de Carnaval. Chove. O guarda-chuva grande combina com a cor dos cabelos dela. Ainda que não seja a mesma - a cor, ela. Ninguém pára os táxis. Ninguém vende sakê. Caminha e encontra amigos coloridos e molhados de chuva. Peitos nus, unhas postiças. É a senhora dos absurdos? Fica encantada com a beleza do novo loiro. Parece estrela. Ninguém pára táxis. Ninguém vende sakê. O metrô sentido zona norte é uma babilônia. Gritos, multidão, ameaça de brigas. Álcool. Ela não tem uma gota nas veias. Uma mulher passa gritando: Não estou aguentando! Seu acompanhante a alerta que a saída é pro outro lado. Raquel (meu codinome beija-flor) desce as escadas aliviada de ver que o sentido para onde vai está calmo e tranquilo. (De tudo isso, qual é o sentido?) A mulher, que antes gritara, parece querer aliviar-se também e, sem cerimônias, agacha-se no topo da escada que dá acesso à plataforma, abaixa a calcinha e... mija. Guardas desconcertados se falam pelo rádio, mas nenhum é capaz de interromper o fluxo natural daquela mulher que já não aguentava mais. Ao final o guarda sobe, ela corre, entra no vagão e parte, espremida aos demais foliões que cantam. Do lado de cá chega também o metrô colorido do Rio. Rio.

raquel mirando

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

cena 2

cena 2: acabei de dar aula, entro em uma loja para comprar biscoito. visto mochila, vestido, trança. o dono/atendente olha e comenta sobre "volta às aulas". eu rio. ele pergunta se já estou na faculdade então. digo:" já terminei o mestrado, sou velha, moço". "mas com essa carinha de 22 ?!", ele sorri. pergunta que curso. letras. acho que ele curte, me dá uma caixinha de chicletes de brinde e me deseja sucesso: "esse mundo precisa de mais educação de qualidade mesmo".

o letreiro intitula-se "a loja mais doce de botafogo".

e é.

cena 1

cena1: livraria. senhorzinho com guarda-chuva no bolso folheia um livro pequeno na seção de história. passo por ele e do título só consigo ler... "manual da sobrevivência".

retorno e vejo que o recoloca cuidadosamente na estante. não era o que procurava.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

#comamorporfavor

Fui tomar o primeiro açaí do ano. Atendente vem. Pedimos dois.
Amigo querido diz:
- O meu é com banana.
Eu complemento:
- E o meu com amor.
Atendente mini desconcerta, repete e sorri achando graça.
Falarei sempre. :}

"como se não houvesse amanhã"