segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Cena 3 - Carnaval

Cena:
Noite. Domingo de Carnaval. Chove. O guarda-chuva grande combina com a cor dos cabelos dela. Ainda que não seja a mesma - a cor, ela. Ninguém pára os táxis. Ninguém vende sakê. Caminha e encontra amigos coloridos e molhados de chuva. Peitos nus, unhas postiças. É a senhora dos absurdos? Fica encantada com a beleza do novo loiro. Parece estrela. Ninguém pára táxis. Ninguém vende sakê. O metrô sentido zona norte é uma babilônia. Gritos, multidão, ameaça de brigas. Álcool. Ela não tem uma gota nas veias. Uma mulher passa gritando: Não estou aguentando! Seu acompanhante a alerta que a saída é pro outro lado. Raquel (meu codinome beija-flor) desce as escadas aliviada de ver que o sentido para onde vai está calmo e tranquilo. (De tudo isso, qual é o sentido?) A mulher, que antes gritara, parece querer aliviar-se também e, sem cerimônias, agacha-se no topo da escada que dá acesso à plataforma, abaixa a calcinha e... mija. Guardas desconcertados se falam pelo rádio, mas nenhum é capaz de interromper o fluxo natural daquela mulher que já não aguentava mais. Ao final o guarda sobe, ela corre, entra no vagão e parte, espremida aos demais foliões que cantam. Do lado de cá chega também o metrô colorido do Rio. Rio.

raquel mirando

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